‘’Uma farsa que elegerá os candidatos preferidos do governo norte-americano’’. Às vésperas das eleições parlamentares de agosto de 2015, o principal oposicionista do governo haitiano no Senado, Moise Jean Charles, já alertava sobre o perigo de Golpe Eleitoral. Na mesma época, o presidente deposto em 2004, Aristide, veio a público denunciar uma conspiração externa para beneficiar os candidatos ligados aos setores governistas.

As eleições foram as primeiras realizadas desde que o atual presidente, Michel Martelly, fora colocado no cargo pelos EUA e pela OEA(Organização dos Estados Americanos) em 2011. Com o atraso de 3 anos para eleger um parlamento, Michel Martelly governa o Haiti através de decretos desde o começo de 2015. Além disso, a conjuntura eleitoral se mostrou bastante turbulenta e contou com a fraca participação popular — apenas 15% dos haitianos votaram.
Após as primárias, foram para o segundo turno o candidato governista Jovenel Moise — conhecido como empresário das “bananas” — e o oposicionista Jude Celestin*. No início de 2016, Jude abandonou a disputa alegando fraude eleitoral no ano anterior. A partir disso, o povo haitiano e a Liga Campesina resolveram pedir a saída do presidente Martelly. Os protestos foram marcados por grande repressão policial e violações dos direitos humanos, como apontou o relatório da Human Rights Watch.
Temerosos com a insegurança no país, o Conselho Eleitoral Provisório(CEP) resolveu adiar por tempo indeterminado a data do segundo turno. Porém, para alguns líderes haitianos, o CEP está tentando boicotar as eleições e assim, garantir que o atual presidente permaneça no poder. O próprio Michel Martelly se mostrou inflexível diante do clamor popular. “Não entregarei o poder aos que não querem participar da eleições”.