terça-feira, 1 de setembro de 2015
Estudantes assassinados no Chile
O jaguar da América Latina. O pedaço da Suíça na América do Sul. O exemplo de moralidade e ética na política. Porém, ao contrário do que a direita brasileira prega, o atual escândalo de corrupção trouxe à tona as múltiplas faces da realidade chilena.
As últimas semanas foram bem difíceis para a presidenta Michelle Bachelet. Investigações revelaram a participação de políticos ligados a quase todos partidos, inclusive aos da base governista, no que é o maior caso de corrupção da história chilena. Apelidado de Caso Penta, o esquema de financiamento ilegal de campanhas atingiu principalmente os dirigentes da UDI, uma espécie de PMDB com forte apoio popular. Para piorar o cenário, o filho mais velho da presidenta, Sebastián Dávalos, juntamente com sua esposa, Natalia Compagnon, está sendo investigado por tráfico de influência.
O Chile não está desconectado dos males que atingem a América Latina, como também expôs sua vulnerabilidade perante ao patrimonialismo dos governantes - políticos que não possuem distinções entre os limites do público e os limites do privado - e aos ditames das castas financeiras. Assim como aconteceu no Brasil, o projeto de transição política chilena da ditadura à democracia acabou sendo incompleto, pois além de adiar reformas estruturais do sistema, garantiu a impunidade aos militares e a hegemonia do neoliberalismo. Hoje, em ambos os países, os escândalos de corrupção demonstram a fragilidade da democracia, que acabou sendo sequestrada pelo poder econômico. Não é à toa que os lobistas de hoje são os que, em sua maioria, fizeram suas fortunas durante os períodos ditatoriais.
Consequentemente, os casos de corrupção alavancaram um mal-estar social. A opinião pública chilena está profundamente abalada e descrente. A popularidade da presidenta caiu bruscamente de 80% para 29%. Como resultado desse mal-estar, uma agenda de protestos genuinamente populares. Infelizmente, no dia 14 de maio, dois estudantes foram assassinados brutalmente. Exequiel Borvarán e Diego Guzmán, respectivamente, 18 e 25 anos, foram atingidos pelas costas por um morador enquanto colavam cartazes, no final de uma marcha estudantil. O crime cometido ocorreu na região de Valparaíso.
A morte dos garotos é o resultado de uma sociedade idiotizada com discursos fascistas, anestesiada com programas inúteis em televisões e rádios. Também é fruto desse sistema que demoniza quem protesta e que exalta o individualismo consumista. São as múltiplas realidades do Chile: das gananciosas mineradoras e do Refúgio 33, dos fazendeiros e dos povos Mapuche, das empresas e dos político. É o Chile de pessoas como Rodrigo Cisternas, Daniel Menco, Claudia Lopes, Matias Catrileo, Alex Lemun, e agora de Exequiel Borvarán e de Diego Guzmán. ¡HASTA CUANDO COMPAÑEROS¡
Share This
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário